
É muito comum aqui no Brasil os entendidos da matéria futebol dizerem, às vezes após jogos excelentes, o que já virou um insuportável chavão: "O jogo não foi bom tecnicamente, mas foi emocionante". Parece que se o cara admitir que o jogo foi bom, é porque os padrões de exigência dele são frouxos ou sua visão limitada; ou então, é parte de um preconceito que não permite termos bons jogos aqui, só na Europa, principalmente na Liga dos Campeões. Pois bem: Milan 0x0 Barcelona nem foi bom tecnicamente nem emocionante. A despeito de todos os talentos que estavam em campo, o jogo teve lances bisonhos. Escorregões, jogador apanhando da bola (o que é o Ambrosini?), poucos lances de emoção etc. O que mostra que um bom jogo não é fruto necessariamente de farta oferta de talentos no gramado.
No Brasil temos - sim - um campeonato nacional de muito boa qualidade, com vários jogos emocionantes e de bom nível técnico, a despeito da grande rotatividade dos times. E eu me refiro à rotatividade, não enfraquecimento, porque ocorre com alguma frequência de as equipes perderem atletas para o mercado internacional e reporem com bons valores das categorias de base. Sem falar que com o aumento do potencial financeiro dos grandes clubes brasileiros, também a possibilidade da busca de bons jogadores brasileiros ou não no exterior tem agregado valor ao nosso campeonato.
Portanto, chega de pós-colonialismo; sejamos exigentes também com o que vemos lá fora; vejamos e valorizemos nossas qualidades.

